Ecossistema 5G - oportunidades além da conectividade

O 5G foi projetado para trabalhar com uma arquitetura em vários tipos de espectro, permitindo entregar soluções customizadas. Para tanto, o novo ecossistema exigirá bandas baixas, médias e altas, além de um equilíbrio entre o espectro licenciado, compartilhado e não licenciado.

By: Luciano SaboiaDirector, Telecommunications

Conectividade como facilitador de serviços e integrador de soluções


Sempre que uma tecnologia pode fazer algo verdadeiramente transformador há uma tendência de equipararmos seu potencial a uma grande oportunidade de receita. A questão é: quais empresas do setor irão ficar com a maior fatia desse bolo? Para responder essa pergunta é necessário entender o ecossistema que se forma a partir da utilização dos serviços móveis habilitados pela quinta geração.

Sem dúvidas, a tecnologia 5G é muito mais do que a evolução das redes móveis. Ela provoca uma alteração da arquitetura da rede atual e permite a adoção de novos serviços e aplicações mais abrangentes, tanto para pessoas como para empresas, indo muito além das receitas puras de assinatura de dados. A conectividade deixará de ser uma commodity para se tornar um habilitador de serviços e integrador de soluções, com diversos players atuando em conjunto para atender a demanda.

O ecossistema do 5G


Dessa forma, veremos o ecossistema do 5G se formar, composto por provedores de serviços, integradores de sistemas, fornecedores de rede e de equipamentos atuando entre si, por meio de parcerias e colaboração mútua. Isso já vem ocorrendo em mercados maduros e será necessário criar e estimular o mesmo no Brasil. Ao contrário das gerações anteriores (2G, 3G e 4G), o 5G foi projetado para trabalhar com uma arquitetura em vários tipos de espectro, permitindo entregar soluções customizadas de acordo com os requisitos de latência, velocidade e cobertura que uma determinada situação ou caso de uso exige. Para tanto, o novo ecossistema exigirá bandas baixas, médias e altas, além de um equilíbrio entre o espectro licenciado, compartilhado e não licenciado.

A escolha do espectro e, consequentemente, de hardwares e softwares, dependerá da finalidade do uso do 5G. Na prática, isso significa que cada usuário final do 5G, pessoa física ou jurídica, terá um relacionamento exclusivo com a nova tecnologia. Embora seja certo que o 5G será adotado, a velocidade dependerá em grande parte de quanta receita pode ser obtida por meio da tecnologia. Para muitos, os casos de uso do 5G não serão medidos em Reais, mas em ganhos de produtividade, locais de trabalho mais seguros e melhores resultados de saúde, entre outros.

Dados de pesquisas da IDC revelam que explorar os casos de uso que alavanquem o 5G para o segmento B2C tem sido um desafio para as operadoras móveis, mesmo em mercados maduros – e esse desafio também será enfrentado pelos players no Brasil.​ Por outro lado, a aplicação para o segmento B2B tem se mostrado bastante atrativo e em crescente ampliação, notoriamente com a implantação de redes privadas capazes de habilitar os diversos casos de uso voltados para o negócio.

O que as operadoras devem fazer no Brasil?


Frente aos desafios enfrentados pelas operadoras no Brasil, que vão de questões regulatórias e tributárias, passando pela dificuldade de manutenção da cadeia de suprimentos, até a necessidade de ofertas e provedores locais robustos de hardware, software e serviços para a implantação dos diversos casos de uso, entender a realidade brasileira será um diferencial para as Telcos.

Ainda de acordo com as pesquisas da IDC, existem três drivers de investimentos que podem orientar as operadoras brasileiras: melhora na produtividade com a automação industrial, tendo as verticais de minerações e agronegócio como exemplos; uso em ambientes de missão crítica, em que a velocidade e acuidade dos dados são fator chave, sendo o caso de serviços bancários, serviços de saúde e de energia; e em negócios em que a ampliação e redundância da conectividade implica diretamente na manutenção da receita, como empresas de varejo e e-commerce. Isso tudo sem perder de vista o tempo de retorno do investimento.

Ampliar o escopo dos serviços prestados pode gerar oportunidades de rentabilizar a infraestrutura do 5G e de recuperar valores investidos tanto na rede legada quanto na nova tecnologia. É esperado que o Private 5G seja um mecanismo de inovação para empresas e um habilitador e acelerador para IoT, Indústria 4.0 e Edge Computing, antecipando a transformação digital no país. Nesse sentido, as redes privadas móveis de 5G podem ser interessantes à medida que permitem embarcar serviços gerenciados e de valor agregado, alavancando contratos de longo prazo e receitas recorrentes.​

Novos fluxos de receita para as operadoras dependerão da construção de comunidades de clientes, parceiros e desenvolvedores em pé de igualdade com empresas nativas digitais, grandes empresas de tecnologia e hyperscallers globais. Por esse motivo, entender e se posicionar dentro do ecossistema é tão relevante.

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Dulce Enriquez

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